13 de julho de 2009

Vida alheia

Um noite, já de férias da faculdade, no caminho de casa, eu e Adriano resolvemos visitar um grande amigo que mora perto da minha casa. Avisamos que estavamos a caminho.

Logo chegamos, passamos pela quebrada que mais me da medo, medo bobo, porquê eu sei que não há perigo lá. Quando estava subindo a escada, a brisa leve me trouxe o cheiro familiar do verde que cerca a casa, penso se por isso que me sinto tão bem lá. Claro que também é pela ótima compania, mas aquele cheiro é realmente muito bom.

Ótima conversa, até que chegou uma das melhores amigas do Mau, e com ela veio a filha. A conversa ficou ainda mais animada. Algo me chamou atenção naquela menina, menina mulher na verdade, e comecei a conversar mais com ela em particular, todos se silenciaram um pouco e prestaram atenção na nossa conversa, na verdade no monólogo dela. Vida sofrida, eu me espantava a cada palavra, mas é claro que não deixava transparecer. Filha de 2 anos morando longe, sem pai, drogas, morar em muitos lugares, em nenhum. E a naturalidade com que falava sobre tudo, sua mãe estava presente, ouvia tudo e nada dizia, nenhuma expressão de remorso por deixar a filha passar por aquilo. A mãe dela tinha uma vida confortável.

E ela falava as palavras que a vida a inspirava. Falava com poesias e me recitou uma que disse ser de sua autoria, eu a rabisquei em um papel, porque realmente me marcou.

O previsível pensamento sensível

Da intensidade do sofrimento
A realidade de um pensamento
É tudo culpa desse maldito sentimento
surge do meu pensamento
Ah perverso pensamento sempre iludido pelos sentimentos
Que ainda me trazem tanto sofrimento
Me levem pra longe das calúnias e injúrias
Que quase me levaram a loucura
Mas ninguém sabe qual é a cura pra amargura e apatia
Qual o sentido em sentir?
se ninguém pensa no que os outros sentem
Só que nesse lugar onde predominam a mentira e a falsidade eu ainda acredito de verdade
luto por igualdade ou talvez seja mais pela liberdade
mas é a libertinagem q tira o tédio dessa previsível rotina da sociedade
nao sei mais me dizem q tudo isso é insanidade
eu me pergunto quando ela consumista será consumida

Ela me falou que deixou de comprar drogas para comprar livros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário